Duas horas da madrugada . Terminei o primeiro livro de uma seqüência
famosa, o tão falado “Cinqüenta tons de cinza” . Me encontro em um estado emocional confuso.
Como um livro pode mexer tanto com a gente? E mexe mesmo, sentia muito isso com os livros
do Paulo Coelho, na minha época de ensino médio, mas a sensação e diferente. O
contexto e diferente. Me identifiquei com a protagonista e senti saudade, até
certa tristeza. Sim, por que era eu,
foi, algum dia, eu.
“Ah, mas todas nós mulheres identificamos, é um desejo viver uma historia ou aventura, assim.”
Mas não estou aqui para falar de todas, afinal. Não sendo egoísta, escrevo para
mim, e infelizmente me senti velha. Talvez seja por
esse motivo a tristeza. “Quem não gostaria de estar sentindo essa sensação de
novo não é mesmo?” Saudade da angustia das escolhas, haviam escolhas, do frio na barriga, do poder,
e grandes expectativas .
Acabo de ler a ultima frase e me vejo chorando, como sou
boba, e em 2 segundos depois devorando o primeiro capítulo do segundo livro da seqüência. É maravilhoso lê-lo, a concentração leva a viver
aquilo, imaginando-se, sentindo. Mas ai
as palavras se embaralham, ou já é tarde, alguém te chama ou simplesmente você
cai na real. Não sou mais eu.
Outro dia comentamos, em uma reunião com amigos, o que
esperávamos da nossa vida e o que somos e fazemos hoje. E sempre é o mesmo, estamos em um mundo
diferente. Refletindo só sobre tudo isso, lembrei-me de como eu realmente me
via...e isso me lembrou o livro, na
minha imaginação de anos atrás me via em um
futuro como, um pouco, a Srta Steele. Tudo uma ficção que na realidade gostaria que
fosse meio real.
Foi, em partes, durante um tempo. Quem sabe não é por isso
que me sinto tão velha. Ao mesmo tempo tão jovem para já estar me lamentando e
me sentindo sufocada com meus pensamentos, anseios e desejos. O que eu vivi? Daqui a pouco tenho 24 e aí 30 e o que vivi? E assim, na mistura de ficção e realidade me
encontro com receios de que a seqüência acabe como eu me sinto agora. Por que o
inicio é tão maravilhoso e não dá para ser continuado? As batidas no percurso influenciam o
fim.
Não gosto desse tipo de confusão, não é do tipo saudável e
de escolhas, é ruim, é incerto. O que haveria reservado o destino, se as
escolhas tivessem sido diferentes? Não é culpa de uma história irreal, e sim da
realidade. Resta continuar minha seqüência
que foge a essa realidade e leva ao
mundo dos sonhos e desejos, nem que seja por minutos, páginas. Que seja! São
fantasias.